domingo, junho 04, 2023

Sob as águas

Sou filha de pescadores, cresci às margens do rio Tietê pescando e nadando.  Já adulta, afastei-me do rio, mas voltei a pescar motivada pelo meu marido que mesmo não gostando da atividade me incentivou a fazê-lo, pois percebia o quanto isso me fazia falta.

Era sábado e descíamos o rio em um barco, as águas estavam calmas então encontramos facilmente um bom lugar para aportar: embaixo de uma figueira tombada, onde meu pai e eu pescávamos quando eu era pequena. Os galhos beijando o rio remetiam-me a uma infância feliz.

A luz da lua cheia banhava o rio e as estrelas no céu evocavam memórias distantes em volta das fogueiras, onde meus tios contavam histórias de criaturas místicas...

sábado, maio 27, 2023

Anas


Minha história de vida, se fosse contada por um comediante em um show de stand-up, por um bom, bom não, por um ótimo comediante, o melhor que já existiu, talvez arrancasse algum riso dos telespectadores, risos contidos e não gargalhadas. Um pouco daquele riso nervoso, repleto de ironia, que se misturaria às lágrimas e aplausos, mas penso que outras emoções, daquelas menos toleráveis, tenham mais chance de aparecer.
Somos filhas da professora Ana Brandão de Castro e do advogado Augusto de Castro. Trigêmeas. Nossa avó materna repetia quase como que em uma ladainha nos almoços da família que tinha errado só a quantidade de bebês, mas que jamais teve dúvida quanto ao sexo. Era tão grande a empolgação da velha quando falava desse assunto, que parecia que tinha tirado a pedra maior no bingo da quermesse, pois se repetia quase que de forma orquestrada assim como o pêndulo do relógio fixado no alto da parede da sala.

Córrego da Maria Chica

Um córrego que cruza Penápolis

Suas águas brotam tranquilamente do solo

Um presente da natureza, tão simples e tão belo

Que corre pela cidade, sereno e apaixonado

Conhecido como Córrego da Maria Chica

Assim nomeado há muito tempo passado.


A cidade cresceu às margens do teu leito

Pavimentando grande parte de teu trajeto

“Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando.” Manoel de Barros