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sexta-feira, outubro 25, 2024

Amores Ofertados

O cigarro lhe queimava as pontas dos dedos
A bituca fumegava na noite escura
A fumaça ganhava o céu naquele inferno
A madrugada se aproximava, era inverno.

Na esquina quase escura, alguém surgiu
Passos lentos, caminhar sem brilho
Batom vermelho, silhueta em cifrão
Tão tarde, o preço baixo, amargo e cruel.

Sem glamour, sem luxo, sem perspectivas
Apenas amores em ofertas
Sem nome, sem futuro, só a rotina.

No poema "Amores Ofertados", tento captar a solidão e o peso de uma realidade invisível a muitos, mas tão presente nas ruas das cidades. Não se trata apenas de transações; é uma rotina amarga, onde o glamour e as perspectivas já foram consumidos pela dureza da vida. No silêncio da noite, sem nome ou futuro, apenas a fumaça e os passos acompanham quem caminha por essa estrada.

Quantas histórias como essa passam despercebidas sob nossos olhos, nas luzes fracas das esquinas?

Pedro Trajano
opoetatardio

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Eu sou mais eu. Mas o meu eu tem empatia pelo seu eu. (Pedro Trajano)