A bituca fumegava na noite escura
A fumaça ganhava o céu naquele inferno
A madrugada se aproximava, era inverno.
Na esquina quase escura, alguém surgiu
Passos lentos, caminhar sem brilho
Batom vermelho, silhueta em cifrão
Tão tarde, o preço baixo, amargo e cruel.
Sem glamour, sem luxo, sem perspectivas
Apenas amores em ofertas
Sem nome, sem futuro, só a rotina.
No poema "Amores Ofertados", tento captar a solidão e o peso de uma realidade invisível a muitos, mas tão presente nas ruas das cidades. Não se trata apenas de transações; é uma rotina amarga, onde o glamour e as perspectivas já foram consumidos pela dureza da vida. No silêncio da noite, sem nome ou futuro, apenas a fumaça e os passos acompanham quem caminha por essa estrada.
Quantas histórias como essa passam despercebidas sob nossos olhos, nas luzes fracas das esquinas?
Pedro Trajano
opoetatardio
Nenhum comentário:
Postar um comentário