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quinta-feira, dezembro 26, 2024

A Mesma Tempestade?





A mesma tempestade, realidades desiguais:
Uns observam, lá no alto, de apartamentos luxuosos
Mal sentem seus sinais, talvez nem os seus trovões
Acústica que pode isolar o ruído e suas percepções.

Há quem a enfrente em casas protegidas
Com muros altos, onde o conforto se faz lar
Onde o temporal, por ruas bem servidas
É só um barulho que vai passar.

Outros resistem em lares mais humildes
Pouco conforto, mas um teto ainda têm
Enfrentam a chuva, murmurando amém.

E há os que vivem em encostas sombrias
Onde a terra treme sob águas frias
Casebres frágeis, medo de desabar
Cada rajada ameaça tudo levar.

Sob pontes de concreto, vidas se abrigam
Enquanto as gotas em pranto se anunciam
Choram em silêncio diante do descaso
Invisíveis, esquecidos, lançados ao acaso.

Para alguns, a tempestade é suave canção
Pingos na janela, como versos a ninar.
Já para outros, é o grito de aflição
Onde até a chuva mansa pode afogar.


Pedro Trajano
opoetatardio

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Eu sou mais eu. Mas o meu eu tem empatia pelo seu eu. (Pedro Trajano)