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sexta-feira, dezembro 20, 2024

O Menu



Se tua consciência
Te servisse um prato à mesa
Com o menu das tuas palavras, certezas e orações
Dos teus sonhos, cobiças, ambições
Promessas vazias, julgamentos amargos e idealizações
Ao provar, o que sentirias?
Sabor de vida ou gosto de morte?
Cada palavra seria alimento ou ferida
Um banquete de paz ou veneno à vida?


Pedro Trajano
opoetatardio

quarta-feira, dezembro 18, 2024

Duas Xícaras de Café


    A vida me moldou na resiliência e superação, com caixas fechadas e perguntas engolidas, provações. Busquei o sabor doce em cafés alheios, mas muitas vezes só encontrei o gosto forte e persistente de resultados que eu não escolhi. Em dias assim, de solidão, os beijos que busquei não eram suficientes, um vazio. Até que, um dia, preparei meu próprio café e coloquei em canecas favoritas. O sabor agora tinha a intensidade de uma vida livre. Então, finalmente, saboreei a doçura de um café sem açúcar, compartilhado a dois.


Pedro Trajano
opoetatardio

segunda-feira, dezembro 16, 2024

O Amanhã


 
O amanhã é um desejo, não um lugar
um sonho tecido no véu do talvez.


Pedro Trajano
opoetatardio

sexta-feira, dezembro 13, 2024

Alma Menina


Nas asas do tempo, para além da neblina
a poeira se afasta da alma menina
vejo montes e rios, meu coração suspira
no regresso do vento, encontro a paz
o agora basta — e o eterno tanto faz.


Pedro Trajano
opoetatardio

quarta-feira, dezembro 11, 2024

Em Ti



Na desordem, tua presença traz equilíbrio
refúgio certo em meio à tempestade
teu calor dissipa o frio que assola
teu amor silencia a dor que desola
e, em ti, porto seguro, me consola.


Pedro Trajano
opoetatardio

 

sexta-feira, dezembro 06, 2024

Vazio em Versos


 
Desejei escrever um poema
mas foi tua ausência que falou.
A saudade fez morada, e insiste, firme, em me prender.
é no toque, e na lembrança, que volto a viver
onde a caneta esconde as palavras que não sei dizer.


Pedro Trajano
opoetatardio

segunda-feira, dezembro 02, 2024

Manhã de Chuva

Essa imagem foi criada por uma IA.


Manhã chuvosa, que bom é esta hora
poeta, deixa a chuva cair no rosto
molhar-se em palavras, sutis e de bom gosto
no céu cinzento, a inspiração se liberta
nas danças das gotas, a poesia é certa.

Pedro Trajano
opoetatardio

sexta-feira, novembro 29, 2024

Eclipse

    Ela abriu a porta e lhe entregou as chaves do seu coração sem hesitar, como quem recebe uma visita esperada, sem nada nas mãos. Ele aceitou entrar. Não lhe prometeu nada, como ela sonhou, nem fez declarações apaixonadas, como ela idealizou, mas com a quietude de quem simplesmente está ali. Presente e ausente, em um equilíbrio frágil.
    Enquanto o eclipse cobria a lua, eles se fundiram em um instante que parecia eterno. O silêncio entre os dois parecia um acordo tácito, mas talvez fosse apenas a aceitação dela. Entretanto eclipses não duram. Quando a sombra se dissipou e a lua cheia preencheu o céu, trazendo luz à noite, ela percebeu o vazio que restou, como uma ausência impregnada no fundo do seu ser.
    Ele partiu sem alarde, deixando para trás uma ausência quase física. Um amor que nunca foi por inteiro, que deixou apenas cicatrizes e mágoas, mas que, de alguma forma, a marcou profundamente. A carência, pensou ela, é um monstro que só ataca quem a alimenta.

Pedro Trajano
opoetatardio
Eu sou mais eu. Mas o meu eu tem empatia pelo seu eu. (Pedro Trajano)